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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

CRIMES DE AMOR - por João do Rio

CRIMES DE AMOR 
Uma visita de João do Rio a um presídio. 
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                   -Meu caro amigo, tem você ampla liberdade. Pode ver, interrogar, examinar. Há agora na detenção quatrocentos e cinquenta e quatro detentos, dos quais trezentos e noventa e cinco homens e cinquenta e nove mulheres. Antigamente era maior o numero. Nós conseguimos que se não mantivessem aqui presos à disposição dos delegados, sem processo. Mas, ainda assim, o exercício do crime está bem representado. Há gatunos, desordeiros, incendiários, defloradores, mulheres perdidas, vítimas da sorte, criminosos por amor - toda uma flora estranha e curiosa. Estude você os crimes de amor. Lembra-se de um dramalhão do repertório da Ismênia: Aimée, assassino por amor?  Não é do seu tempo nem do meu, mas comoveu a geração passada e tem contínuos exemplos nas penitenciárias... 
                   - E nas literatura. 
                   - Pois vá ver esses criminosos. O assassino por amor é o único delinquente que confessa o crime. 
                   Alguns chegam mesmo a reviver detalhes insignificantes. Ao passo que os gatunos, os incendiários e os homicidas vulgares, mesmo tendo a cumprir sentenças longas, negam sempre o crime; essas vítimas da paixão não se cansam de contar a sua história, cada vez com maior número de minúcias e mais abundâncias de memória. 
                   - Pois vejamos as vítimas do amor! 
                   O capitão mandou chamar o chefe dos guardas, Antônio Barros e saímos para o páteo, onde os presos serventes mourejavam. 
                   Há uns cinco casos notáveis, informava-me o guarda. Vamos entrar na primeira galeria. 
                   A galeria é um enorme corredor, ladeado de cubículos engradados.  A má disposição de luz, com a claridade da frente e dos fundos e a claridade das prisões, dá a esse corredor uma perpétua atmosfera de meia sombra. Através dos muros brancos ouve-se o sussurro das conversas murmuradas. Barros aponta-me silenciosamente uma das jaula. Aproximo-me, e dos fundos vejo surgir um velho preto, magro, seco, com olhar ardente e a cabeça branca. Pergunto receoso:
                  - Por que está aqui? 
                  - Porque matei. 
                  Nas prisões há duas coisas revoltantes: o cinismo que nega e o que confessa com uma afronta. Aquela frase breve tinha, porém, o cunho de uma dolorosa sinceridade. 
                  - Eu sou do crime da Estrada Real, continuou o pobre negro, agarrando-se aos varões de ferro. Chamo-me Salvador Firmino, tenho sessenta e seis anos. 
                  - E matou? 
                  - Porque ela quis. 
                  E de repente, como se a lembrança da cena o forçasse a se desculpar, a sua cabeça branca curvou-se, os seus olhos lampejavam: 
                  - Quando encontrei Silvéria, era casado e feliz. Abandonei a mulher, só para viver com ela. Silvéria tinha dois filhos. Eduquei-os eu, dei-lhes o sustento, o ensino. Uma casa que consegui comprar logo passei para o seu nome, e de tudo eu me lembrava que a tornasse feliz.  Silvéria tinha quarenta anos, e eu gostava dela. Foi quando apareceu o outro. A mulher ficou com a cabeça virada, já não lhe bastava o meu carinho. Saía só, para passear com ele, não se importava com o passado, não me falava. O desaforo chegou ao ponto do o outro vir trazê-la até a porta de casa.  Às vezes, eu os via de longe e entrava no mato, para não os encontrar. Que dor! Eu tinha tanto medo de acabar... Uma noite, ela saiu, esteve na festa de Nossa Senhora e voltou acompanhada até à porta pelo outro.  Eu bem os vira, mas fingi não saber de nada quando entrei em casa. Silvéria conversava com a vizinha e dizia: 
                  "Mas se eu já lhe disse que podia vir..." 
                   - Não pude comer a sopa; fui logo deitar-me. Do quarto via-se a sala, onde dormia o pequeno filho dela, e não demorou muito tempo que a vizinha não colocasse na cama outro travesseiro. Eu estava olhando, à luz da lamparina. Deixei passar alguns minutos e disse: 
                  "- Ó Silvéria, vem te deitar. Ela não respondeu."
                  "- Silvéria, já disse que viesses dormir!"
                  " - Já vou."
De repente os cães, no terreiro, começaram a ladrar. Era um alarido. Saltei da cama, agarrei o revolver. 
                  " - Quem está aí?" 
                     Ela apareceu então; 
                   " - Deita-te, não é nada."
                   " - Qual! Pois os cães estão ladrando... É alguém."
                   " - Que vais fazer? " 
                   " - Ver." 
                   " - Não vás, Firmino, não vás, não é nada!" 
                      E amarrava-se ao meu braço.
                    " - Como não hei de ir? Se for gatuno? Talvez esteja a roubar a criação." 
                    "- Firmino, meu velho, não vás! "
                      Dei-lhe um empurrão, abri a tranca.  Na noite, só a lua aclarava as moitas, e os cães arfavam cansados. Voltei. Ela estava sentada, chorando. 
                    " - Tu desconfias de mim!" 
                    " - Eu? que falso! " 
                    " - Tu pensavas que era o Herculano!" 
                    " - Eu? Nem pensava nisso! "
                    " - Pensavas, sim! E o melhor é acabar com isso. Vou-me embora!" 
                     Ela estava à espera de um pretexto. Para que discussões? Deitei-me outra vez, sem poder dormir. Silvéria continuava na sala, remexendo os móveis.  Pela madrugada, já os galos tinham cantado e o luar estava desmaiando,  ouvi que abriam a porta. Ergui-me, corri. Ela ia pela estrada, com a trouxa da roupa, ia sem se despedir de mim, que lhe dera tudo, ia embora... Deitei a gritar: 
                     " - Silvéria! Silvéria! Não vás."
                     " - Adeus! " 
                     " - Mas tu estás maluca, mulher."
                     " - Não me fales, estou farta." 
                     " - Vais para o Herculano?" 
                     " - Vou, sim, e agora?" 
                     " - Um homem que podia ser teu filho!"
                     " - Talvez seja mais feliz." 
                     " - Silvéria! Silvéria! "
                     " - Basta de conversa fiada..." 
                         - Então eu senti um desespero que me sacudia os nervos, e não pude mais... 
                         Para ouvir a história, encostara a cabeça na pedra em que os varões de ferro se encravavam. O pobre velho tremia num soluço sem fim. Então eu lhe estendi a mão sem uma palavra, e segui, como se tivesse acordado de um horrível pesadelo. O guarda Barros acompanhava-me. 
                        - Pobre homem! Tentou suicidar-se e é preciso uma vigilância extrema para que não tente outra vez contra  própria vida... 
                        Já os sinais misteriosos, com os quais se correspondem,  os detentos haviam anunciados uma pessoa estranha no estabelecimento. Em todos os cubículos, nas galerias, correra o som anunciador, e nas grades amontoavam-se as caras dos que não serõ em breve da sociedade. Barros parou pouco adiante, apontando-me um homem magro, pálido, com o pescoço embrulhado num cache-nez.  O homem corcovava, e os seus dois olhos brilhavam como se os de um tísico. Ao lado, um português bem disposto sorria. 
                     - O seu crime? 
                     - Umas rusgas, tentativa de morte, não fui eu... 
                     - E o seu? 
                     - Matei minha mulher. 
                     Esse também confessava. Então era verdade? O crime de amor é o único confessável? Acerquei-me cheio de simpatia, e o sujeito magro não esperou que lhe perguntasse mais nada.  Antes da ânsia de desabafar, atirou o cacha-nez  às costa e começou: 
                     - Chamo-me Abílio Sarano, sou barbeiro. Sempre fui honesto. É a primeira vez que entro aqui, por causa do crime do Catete.  Não sabe? V.Sa. não sabe? Eu namorei uma moção, D. Geraldina, e com ela casei-me. Dias depois do nosso casamento, minha esposa confessou-me que tinha sido gozada por um negociante, amante de sua própria mãe.  Esse homem voltava a perseguí-la. Era de noite, eu voltara do trabalho e amava minha senhora. Foi como se o mundo todo se desmoronasse. Ela, coitadinha, caíra de joelhos; eu interrogava, querendo saber tudo: 
                   " - Anda, fala, diga como foi." 
                   " - O negociante, o biltre forçara-a numa cadeira e ninguém soubera. Quando acabou, eu estava sem forças e chorava." 
                   " - E agora, Geraldina, que será de nós? que vai ser de nós?" 
                   " Ela consolava-me. Agora, era esquecer esse sujeito odioso. Acreditei e começamos a viver a triste vida da dúvida. A mãe infame e a família continuavam, porém, a seduzi-la. Uma noite, apesar de ser sábado, eu fui cedo para casa. Geraldina estava nervosa. Conversávamos na sala, quando a criada veio dizer que um homem procurava a patroa. 
                   " - Um homem? Espera, vou eu mesmo ver quem é." 
                   " No topo da escada estava um cidadão robusto." 
                   " - D. Geraldina está?" 
                   " Num relâmpago compreendi que era ele." 
                   " - D. Geraldina? Ah! canalha, espera que eu te vou dar a Geraldina! " 
                   Saquei o revolver, e minha senhora apareceu assustada: 
                    " - Fuja, seu Alvaro, fuja!" Fuja!" 
                    " Ela mandava-o fugir. Como um louco, ergui a arma. Ele descia os degraus da escada, e Geraldina tapara-me a passagem. Detonei uma, duas vezes, descemos de roldão. No patamar, o corpo dele jazia. Matei-o, pensei, acabei a minha vida! E deitei a correr... Só mais tarde, soube a verdade. As balas tinham ferido minha mulher. Ele fingira-se morto e escapara são e salvo. É por isso que estou aqui." 
                    O chefe dos guardas chamara-me ao fundo, para a mesa que fica entre as escadas das galerias superiores. 
                    - Há ainda dois casos interessantes: um menino e uma mulher. Quer ver? Vou mandar buscar o menino. Sente-se.  
                    Eu sentei-me. Por todas as janelas gradeadas, o sol entrava claro e benfazejo. Minutos depois, surgia, trazido pelo guarda, um pardinho cor azeitona, dessas fisionomias honestas, alheias a devassidões. 
                    - Como se chama? 
                    Ele tomou uma posição respeitosa, falando bem, com desembaraço. 
                    - Chamo-me Alfredo Paulinho, sim, Senhor. Tenho dezoito anos. 
                    - E já casado?
                    - Casei-me aos dezesseis. Os meus parentes não queriam mas, depois o pai disse: 
                    " - É melhor mesmo. Ao menos, não ficas perdido."
                     " - Eu já ganhava o suficiente para sustentar  dignamente a minha família. Casei. Foi nessa ocasião que o Dr. Constantino Nery me ofereceu o emprego de copeiro no palácio de Manaus.  Aceitei, e voltávamos para o Rio quando  à bordo encontramos um rapaz de dezoito anos, chamado José."
                    - Era bonito o José?
                    -  Era simpático, sim, Senhor, não posso negar. Ficamos tão amigos que, ao chegar, ele foi morar conosco. Primeiro, tudo andou direito, mas depois começaram os cochichos, as cartas anônimas. Era preciso tomar uma resolução. Disse ao José que não o podia ter mais em casa - por certas dificuldades. Ele saiu, mas eu sabia que a Adélia lhe falava. Passaram-se seis meses  nessa tortura. De vez em quando eu a interrogava e sempre obtinha respostas negativas. Certo dia, passei pelo José na rua, e ele riu. Em casa, pus Adélia em confissão, e ela disse: 
                    " - É mesmo, fizeste bem em por esse homem na rua. Andava me tentando e foi tão ingrato que nem se despediu da gente direito." 
                    " - De outra feita, encontrei-os na esquina, conversando, e afinal, em casa. Foi então que eu fiquei desatinado." 
                     " Oh! o amor! " Eu ouvira o amor sexagenário, o amor doloroso, o amor liliput desse romance de crianças. Todos tinham chegado ao mesmo fim trágico, ontem criaturas dignas, hoje com as mãos vermelhas de sangue, amanhã condenadas por um juíz indiferente. Fiz um gesto. O pequeno insistiu." 
                      " - Já que estou aqui. quero trabalhar. Nunca passei sem trabalhar. Peço a V.Sa. para ver se entro como servente. Não quero estar no cubículo com aquela gente. " 
                     Nesse momento traziam uma moça negra roliça, de dentes afiados, com um sorriso alvo a iluminar-lhe a cara. Era a Herculana, a autora de um crime célebre. Matara o amante enquanto este dormia, acendera todas as velas que encontrara e começara a cantar. O amante tinha vinte e três anos. 
                      - E por que foi? 
                       "- Ora, nós brigamos. Eu gostava dele.  Nós brigamos. Um dia ele me disse uma porção de nomes. Eu fiquei calada, mas quando o vi deitado, com o pescoço à mostra, roncando, parece que o diabo me tentou. E fui então com a faca..." 
                       - Aproximei-me, bem perto, quase murmurando as palavras: 
                       - Diga: era capaz de fazer o mesmo outra vez, de abrir o pescoço do pobre rapaz, de ascender as velas, de cantar? diga: era? 
                      Ela riu como um fera boceja, e disse num arranco de todo o ser: 
                       " - Eu era, sim, Senhor..." 
                      Que estranha psicologia a dessas flores magníficas do jardim do crime! Que poderoso transformador o amor! Bem dizia Tennyson, ao evocá-lo: "Thou madest Life, in man and brute, thou modeste Death... "  Eu começara a minha vida à beira do deserto, na púrpura de uma moita de lírios vermelhos. 
                      Com os corações em sangue, vira uma coleção de assassinos, desde um velho lamentável até uma criança honesta, postos fora da sociedade pelo desvario, pela loucura que a paixão sobra no mundo. A mulher, que os poetas levam a cantar, Vênus inconsciente e perversa, Lilith lendária, surgia nessa ruína, perdendo, estragando, corroendo, matando, e eu sentia, no olhar e no gesto de cada uma das vítimas do amor, o desejo de guardar o perfil das suas destruidoras.  Oh! esses seres, que Schopenhauer denominava animais de cabelos compridos e ideias curtas, que formidável obra de destruição cometem!  São a torrente a que ninguém pode resistir, a força dominadora da maldade, os Molochs  da alegria.  As gerações futuras, livres dos nossos deuses, devem, para que a Harmonia as guie, levantar nas cidades um altar votivo, onde os adolescentes possam sacrificar, todas as manhãs, à ira de Vênus sanguisedenta. 
                    Mas as minhas reflexões pararam. Como tocasse um sino, pela escada da direita desceu um cavalheiro elegante, que tapava o rosto com o lenço. E logo depois, gracil e airosa, com um rico vestido preto, caminhou pela galeria, olhando altivamente os presos, uma mulher cuja fronte pura parecia a pura fronte da inocência. 
                   O guarda curvou-se: 
                    - O Dr. Saturnino e a esposa... 
                    Eu vira o último crime de amor da Detenção. 
João do Rio, ou
Paulo Barreto, seu pseudônimo.

BREVE BIOGRAFIA DE JOÃO DO RIO 
                  João do Rio, pseudônimo de  João Paulo Barreto, escritor brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro em 1881 e adquiriu grande reputação entre os escritores da geração nova, pela vivacidade e pitoresco do seu estilo. Era chamado de repórter maldito da noite carioca. Tinha uma observação crítica, minuciosa e direta da vida  e da linguagem dos diferentes grupos sociais do Rio de Janeiro. Costumava frequentar os presídios para conhecer as histórias sobre os mais diversos crimes que aconteciam na cidade e também em outros estados do Brasil. Seu olhar estava sempre atento e gostava de inserir-se em  ambientes diversos; escrevia sobre a vida, tanto de trabalhadores braçais como de prostitutas, presidiários, madames da sociedade e outros seres urbanos. Gostava do idioma francês e utilizava diversas expressões daquela língua em seus textos. Retratava, com força literária, a   sofisticação e dissolução dos costumes da elite carioca, descrevendo suas festas dominadas por figuras sensuais, madames e cortesãs. Muitas vezes o erotismo era peça fundamental que utilizava de forma direta, manifestando a realidade popular das massas nas ruas durante o carnaval.  Frequentava terreiros de umbanda e candomblé, igrejas, cabarés, cortiços, favelas e palácios, onde buscava seus personagens mais interessantes. Suas peças teatrais e contos eram ambientados nestes locais com a linguagem típica de cada um. Sabia, como ninguém, combinar o preciosismo da linguagem comum com a inovação incorporada  do estrangeirismo da moda de sua época. Ele tematizou a cidade moderna, tanto na ausência de limites morais como em suas facetas técnicas da modernidade de então. 
                   Em sua carreira jornalística, costumava utilizar os mais diferentes pseudônimos como Joe,  Carand, Godofredo Alencar, e outros. 
                    João Paulo Barreto estudou com seu próprio pai, o professor Alfredo Coelho Barreto, e já na adolescência ingressou no jornalismo; em 1899 figurava entre os colaboradores do jornal Cidade do Rio, ao lado de figuras importantes  como José do Patrocínio e outros veteranos da literatura e da política brasileira. Foi nessa época que surgiu o pseudônimo de João do Rio, com o qual ficou famoso e nacionalmente conhecido. 
                    Embora muitos de seus contos e crônicas mostrem festas da alta sociedade, tinha especial interesse pela vida de pessoas comuns como presidiários prostitutas de luxo e suas orgias com figurões, ricaços e políticos. Seus textos também focalizavam aspectos da vida pobre das favelas e a loucura que tomava conta da cidade durante o carnaval. 
                    Em 1991 publica Os Livres Acampamentos da Miséria, no qual ele sobe o morro de Santo Antônio, para ouvir samba; esta é talvez a primeira descrição de uma favela no Rio de Janeiro. 
                    Além de crônicas, contos e reportagens, João do Rio escreveu importantes romances para engrandecer a literatura nacional. Entre eles podemos citar A Correspondência de uma Estação de Cura, publicada em 1918. Escreveu, também, várias peças teatrais. Entre elas, a de maior êxito foi A Bela Madame Vargas, encenada em 1912. Outras publicações que ficaram famosas foram: As religiões do Rio; O Momento literário; O jornal da primavera; Dentro da noite; Alma encantadora, entre muitas outras. 
                     Em 1910 foi eleito como membro da Academia Brasileira de Letras. 
                     Morreu em 1921, enquanto escrevia uma crônica para o jornal A Pátria, fundo por ele em 1920. Seu velório foi realizado na própria redação. 
Nicéas Romeo Zanchett 
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